Descoberto um animal movido à luz solar

Animais são estranhos – uma fonte de energia tremenda bem em cima da cabeça deles, e eles preferem obter energia pelo trabalhoso método de comer e digerir comida. Por que não fazem como as plantas, e usam a luz do sol?


Bom, alguns animais fazem, como os corais que têm algas (que por sua vez produzem açúcares), além de um monte de animais que copiaram esta ideia, por exemplo esponjas e lesmas-do-mar. Tem também a vespa que converte luz solar em eletricidade. Existe até a suspeita de que alguns afídios aproveitam a luz solar de alguma forma.

Mas, se você olhar esta lista, vai ver que nenhum deles é um vertebrado. Até agora, não se conhecia nenhum vertebrado que aproveitasse a luz solar. Recentemente, um suspeito de longa data, a salamandra manchada, Ambystoma maculatum, foi confirmada como um animal que aproveita a luz solar.



Suspeito de longa data
Já se sabia, pelo menos desde 1888, que as salamandras tinham um relacionamento com as algas Oophila amblystomatis. A salamandra coloca seus ovos na água, e as algas os colonizam.
E é um relacionamento que tem todo jeito de ser simbiótico, ou seja, os dois ganham vantagens sobre ele. Os embriões liberam seus dejetos que são aproveitados pelas algas que, com os dejetos e a luz do sol, produzem oxigênio. E é um relacionamento tão importante que os embriões que têm pouca ou nenhuma alga morrem com frequência.
Em 2011, os cientistas fizeram nova descoberta: a alga estava entrando dentro dos embriões, e, em alguns casos, dentro das células dos embriões. Provavelmente, os embriões estavam pegando mais do que oxigênio das algas – estavam pegando a glucose produzida por elas. Em outras palavras, as algas estavam funcionando como geradores de energia interna para as salamandras.
Carbono 14 para o teste
Para testar esta hipótese, Erin Graham, da Universidade Temple, em Filadélfia, Pensilvânia (EUA) e seus colegas incubaram ovos de salamandra em água contendo carbono-14, radioativo. As algas usam este isótopo na forma de dióxido de carbono, produzindo glucose radioativa.
Graham descobriu que os embriões se tornaram radioativos – e não deveriam. Como estavam dentro dos ovos, tudo que eles precisavam do meio ambiente era oxigênio. O ovo continha, ou deveria conter, todo o nutriente que eles precisavam, e certamente não tinha carbono-14.
Graham descobriu também que, se os embriões se desenvolvessem no escuro, não se tornavam radioativos, comprovando que realmente era a atividade de fotossíntese das algas que estava fornecendo carbono-14 aos embriões.
Esta simbiose não é essencial, mas é importante, já que sem as algas a taxa de sobrevivência dos embriões é menor, e o crescimento deles é mais lento.
Única exceção?
Ainda não se sabe como as algas entram nas células da salamandra, mas a descoberta abre a possibilidade para que existam outros vertebrados que se aproveitem da fotossíntese de forma semelhante. Todos os animais que põem ovos na água são bons candidatos. Algum outro anfíbio ou peixe pode estar fazendo isto, mas é pouco provável que uma ave ou mamífero esteja. As crias destes animais ficam seladas do ambiente durante seu desenvolvimento. 




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